10 de abril de 2008

Uma questão de planejamento

Fiquei pensando no meu clube do coração. Depois de chegar às semifinais do Paulistão e estar com meio pé na classificação do Grupo 7 da Libertadores da América não consegui lembrar de um jogo sequer que o São Paulo tenha jogado bem, ou convincentemente. Não nego que o aproveitamento do time seja bom na temporada, mas já não é mais um time que me transmita alguma confiança.

Aficionado por futebol como sou, comecei a pensar em muitos esquemas táticos que poderiam ser implantados no tricolor, e descobri que o problema definitivamente não é tático, mas sim uma questão de planejamento. Hoje é complicado não pensar que a estratégia do departamento de futebol do clube tenha sido amadora este ano. E digo departamento de futebol com clareza, porque em todas as outras áreas o São Paulo continua sendo o melhor (Vide o fiasco que foi a estratégia do torcedor roxo corintiano que o clube da Fazendinha utilizou para vender camisas, como se já não bastasse o ridículo “nunca vou te abandonar mesmo que você jogue de terça e sexta porque eu te amo”).

Mas vamos voltar à primeira divisão. Encaremos a situação analogamente. Compare o time formado hoje pelo tricampeão mundial com um time que você, saudosista leitor, tenha montado no nostálgico Elias Football II (a.k.a. Elifoot II), aquele que ainda rodava no DOS mesmo.

O pentacampeão brasileiro abriu os cofres (abarrotado de verdinhas, por conseqüência da venda de bons jogadores) para bancar os salários de uma fortíssima contratação, praticamente um jogador nível 45. Não falo de outro senão o Adriano, atacante bom, canhoto, bem-adaptado ao esquema 3-5-2, mete gol, e tem um comportamento que pode variar entre Cavalheiro e Caceteiro, dificilmente chegando no Sarrafeiro.

A diferença é que no Elifoot a estratégia funciona, porque você está jogando na quarta divisão e o nível 45 faz uns 4 gols por jogo, e mesmo que seu plantel seja de 11 jogadores, o craque sempre resolve. O São Paulo está com 19, sem um craque constante e com poucas ótimas atuações. Não creio que este vá ser um ano glorioso para o Tricolor, mesmo que o seu Juvêncio tenha comentado sobre contratações de peso para fortalecer o selecionado.

Enquanto isso, entretanto, qualquer vacilo do Muricy pode lhe render, injustamente, um aviso na porta do vestiário: “Pegue suas trouxas e vá se foder”.

Obs. 1 - "Pegue suas trouxas e vá se foder" é um jargão utilizado pelos dirigentes virtuais do Elifoot II para mandar um técnico para o olho da rua.

Obs. 2 - No começo da semana a Federação Paulista de Futebol, o Ministério Público e a própria PM preferiam que o jogo de volta da semifinal do Paulista não ocorresse no Palestra Itália. Três dias depois a PM garantiu a segurança do torcedor. Será que, como disse o Pedro Henrique Bueno de Toledo, colunista do São Paulo no Lance!, isso faz parte do "Projeto Traffic"?

Obs. 3 - Sou a favor da distribuição de números iguais de ingressos para torcidas adversárias, e não porcentagens. Se é pra ser justo, vamos começar pela justiça com o próprio torcedor. A merda no estádio da porcada é ver o jogo da linha lateral depois da linha de fundo.

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