30 de março de 2008

O(s) dia(s) em que nada aconteceu, culminando na descoberta do "se" e seus riscos.

Enfim um texto de minha autoria. Previsível o título estardalhante. Técnica empregada pelos malditos publicitários para chamar atenção e este caso não é diferente. Há razão para a tardia estréia. Preferia antes não ter escrito nada ao invés de digitar palavras vazias com o senso da obrigação nos dedos (não que o conjunto das que virão adiante não sejam dignas da tag Brainfreeze)

Praticando um exercício de negação social (à época que o açougueiro dentista me arrancou os dentes do ciso) entrei em um estado profundo de introspecção, ou talvez tenha sido a dose excessiva de xelocaína e outro quinhão de analgésicos.

Nesse ir-e-vir filosófico e com uma(s) cerveja(s) na(s) mão(s), uma vez que recomendaram a ingestão de alimentos líquidos preferencialmente gelados, refleti sobre a questão mais abrangente da existência humana: O destino!

No limite psicofísico do uso de alucinógenos nunca se soube de alguém que previsse o futuro.
Ergo o destino é impalpável, e, não se tratando de um questão de fé/religião ou ainda da partícula elemental da física quântica, inexistente.

Porém, pessoas de pensamentos positivos inabaláveis continuam crendo que sim, há destino. E aí entra o “se”, ou o “infinito”, como queira. Pois se realmente há destino, sua existência se dá apenas a partir de fatos e fatores randômicos que nos levam a ele. Posso então concluir que se alguma das variantes na equação do destino muda, conseqüentemente o destino também mudará. O problema é que o destino, por definição, não pode mudar. E imaginar que infinitas combinações de atos e ações não-premeditadas um dia gerarão algo de bom para você é complicado. É complicado porque falamos em força de vontade quando isso acontece. Destino é quando a soma dos fatores gera um resultado negativo.

Ainda estava anestesiado quando cheguei à conclusão de que destino é um termo pejorativo, e imaginei situações pejorativas pelas quais passei. Uma delas é sobre uma viagem de fim de ano 2007 que fiz com meu irmão, primos e amigos. Fatalmente desferi um golpe de facão em minha própria mão, contabilizando ao final da jornada uma bela cicatriz que rendeu quatro pontos ao meu dedo (deviam ser uns 10 mas o cara que me passou os pontos era um açougueiro médico pouco proficiente na arte de pescar/passar anzol).

O interessante dessa viagem é que, não por acaso (ou será que sim?), a princípio eu não faria parte dela. Na última hora meu irmão voltou para São Paulo, não foi viajar com seus amigos como esperava e não estávamos com vontade de ficar na cidade. Só me cortei porque estava embriagado e porque no dia em questão ficou decidido que usaríamos o forno a lenha. E a cicatriz ficou gigante justamente porque o doutor estava de plantão e tinha virado a noite no posto.
Não classificaria como destino o ocorrido. Mal emprego o termo, para ser sincero. Posso definir esses acasos pejorativos como uma série de cagadas evitáveis. Por outro lado, se não fosse assim, qual seria a graça?

3 comentários:

Igor Nishikiori disse...

Cagadas às vezes são bem-vindas, até o momento em que você corre o risco de perder seu dedo. Mas, na pior das hipóteses, se a xilocaína continuar agindo e você ficar com a língua presa, há sempre a oportunidade de se tornar Presidente da República.

PS: Honestamente, não sei se esse texto entraria na categoria Brainfreeze. Talvez seja essa a oportunidade de consultar os nossos conselheiros editoriais.

Andre Leite disse...

Sim.
Neste exato momento uma plêiade ocorre para debater, entre outras coisas, um outro assunto que não este.
Enquanto isso na Bat-caverna Batman e Robin estão discutindo a mesma coisa que está sendo discutida na Sala da Justiça, e os integrantes das duas salas vão disputar um par-ou-ímpar para decidir um jeito de decidir quem e como o problema, que não este, será resolvido. Mas provavelmente vão tirar o problema da frente com alguém que vai se transformar em água (ou derivado da) e outro alguém que vai se transformar em um tipo de animal extinto.
E, simultaneamente, proponho uma mesa de bar como jurisdição para a tal consulta com os conselheiros editoriais a nível de discussão sobre a pertinência do texto em relação à categoria previamente selecionada e se ele, o texto, realmente se enquadra.
Aproveito para convidar alguns leitores que poderão compôr o júri popular, desde que estejam sobre influência do álcool ou qualquer outro aditivo capaz de matar células cerebrais.

Epifaníaco disse...

que lindo.

apesar de quase dois meses de defasagem, ainda consegui sentir a emoção do convite ao bar.

eu quero, sou leitor e adoro matar células cerebrais com álcool.

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