30 de julho de 2008

Sobre verdades, filmes e anéis de fumaça.

Uma das poucas coisas insignificantes porém engraçadas com a qual me deparei em minhas duas décadas de existência foi a noção de que as pessoas "aprendem" as coisas com o cinema. É sempre a mesma história de alguém que conta um acaso (eu gosto das pessoas que contam acasos), e para apoiar sua observação, para mim tantas vezes indiferente, confirma a fonte: “Eu vi num filme”.
Acho isso cem por cento sensacional. Cinema é globalizado, com exceção talvez da China, onde os filmes não podem passar, e eu concordo com a censura de lá, uma vez que a China é a nova União Soviética (para o cinema pelo menos. 007 precisa de um inimigo) mas ainda não estudei detalhadamente a história do cinema a ponto de saber se foi a censura na China que proibiu o cinema ou se o cinema entrou em conflito com a política do país gerando censura. Enfim, a exceção são os chineses e os hindus, não por (falta de) censura na Índia, mas simplesmente porque filmes hindus são ruins.
O gosto pelo cinema, neste caso, é doentio. Uma doença séria mas de fácil diagnóstico, principalmente por ser uma questão de bom senso. As pessoas parecem acreditar que tudo no cinema é verdade. No cinema brasileiro, tiros e traficantes e violência. Nos Estados Unidos um simples “é igual a gente vê nos filmes”, sobre o tratamento que outrem recebeu ao visitar tal país, apesar de nunca sabermos de verdade de qual filme se está falando. Uma vez fiz um daqueles anéis de fumaça com um cigarro e um amigo disparou “Você está assistindo muitos filmes de Hollywood”. Este é o ponto intrigante para mais uma retórica postagem neste blog tão mal-cuidado, mas, pelo que me consta no número de acessos, querido.
Se o cinema é a arte de retratar verdade levada a sério, o discurso é meio uníssono, não? Mas a verdade está para quem? Eu acho que não tenho condições de falar se Tropa de Elite é um filme franco e moro do lado do Rio de Janeiro, então como alguém pode afirmar que uma coisa é verdadeira porque assistiu em um filme? Ainda mais, como alguém pode dizer que é o filme de Hollywood que me inspira a praticar um ato tão despatriota quanto fazer anéis de fumaça. Que porra alienadora, não é mesmo?

4 comentários:

Hopelightbr disse...

acho errado anéis de fumaça...

simplesmente por achar errado o cigarro...

abraços

Igor Nishikiori disse...

Concordo com o amigo Garibaldo. Não acho o cigarro uma coisa legal.

Mas tocando no que interessa, penso que essa coisa de "vi no cinema" tem a ver com duas coisas. A primeira é isso o que você falou: as pessoas assimilam as imagens dos filmes como se fosse a realidade, sendo que elas não passam de uma mera representação artística da mesma.

E a segunda acontece quando criamos um círculo de referências culturais, como, por exemplo, em piadas sofisticadas baseadas em filmes e coisa e tal. Nesse caso, acabamos ironizando essa pseudo-realidade do cinema, tornando-a absurda.

Lógico que essa é a minha opinião.

Dod Bylan disse...

Po... anéis de fumaça são fáceis... quero ver fazer o navio!
E já que estamos no tema... o cinema Hindo é sensacional! só perde mundialmente para os filmes tibetanos, e talvez aquela geração da decada de 90 que o Sri Lanka produziu...

Andre Leite disse...

Foram os monges tibetanos que criaram o lema uma camera na mão e uma idéia na cabeça. Na verdade era "na careca", mas a ocidentalização mundial destruiu mais esta tradição.

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