24 de maio de 2010

O Fim.

Lost acabou. Algumas pessoas estão felizes, outras não. Algumas acharam legal ter acabado porque estavam de saco cheio, outras gostaram do fato da série ter tido oportunidade de ter um ponto final. Outras acharam filhadaputagem o enredo final ou o simples fato de ter de dizer adeus à série, independente da forma como ela acabou.

Acho que estou no meio termo. Foi muito bom ver a série sobreviver à greve de roteiristas que colocou em xeque vários enlatados lá em 2008 (lembram?), e realmente, há muita criatividade da parte dos criadores e roteiristas. Mas eu não gostei do fim.

Depois de assistir o episódio final de 2 horas via live broadcast lembrei imediatamente da cena final de o Show de Truman. Não, a ilha não era um estúdio de tamanho extraordinário que pode ser visto do espaço. Estou me referindo ao número de pessoas que parou para assistir esse tão esperado episódio. Talvez também houvesse gente assistindo da banheira, mas acho que não.

O ponto é exatamente esse. Lost é um fenômeno da TV. Pessoas do mundo inteiro assistem. Isso significa que Lost foi uma série sensacional? Se você pensar em números e rentabilidade sim. Mas daí pra afirmar que Lost mudou a maneira de assistir TV já é um pouco de exagero. Talvez isso tenha acontecido no Brasil, onde as pessoas eram obrigadas a esperar dois meses por um episódio inédito de uma mesma temporada. Mas garanto que nos Estados Unidos as pessoas ainda assistem TV do mesmo jeito: com a bunda colada no sofá. Lost deve ser creditado como um pioneiro, mas isso não é reflexo apenas da qualidade da série.

Aqui no Brasil, por exemplo, tantas outras séries são tão disputadas para download quanto Lost. Prison Break, Heroes, House e tantas outras também tem (ou tiveram) bom público aqui. E para se ter uma noção global, Heroes é uma série com mais busca por torrent que Lost. Acontece que Lost tem um apelo gigante na mídia brasileira. A Globo tem os direitos mas não passa. O AXN só acertou a mão nessa última temporada com relação à datas de transmissão. Caiu na internet e pouco tempo depois foi parar em revista e jornal. Eu francamente não consigo me lembrar quantas capas e Super Interessante e o Link do Estadão não foram dedicadas a Lost. Ou seja, Lost pode ser unanimidade no Brasil, mas para cada público um gosto.

É interessante! Heroes é a série mais baixada no mundo, e foi cancelada. Nos Estados Unidos, onde o número de pessoas que assistem realmente conta, não era tudo isso. Prison Break tinha roteiristas fodidos de bom. As duas primeiras temporadas da série tinham ganchos (o que liga um episódio ao próximo) espetaculares. Inteligente pra caralho. Aí teve a greve dos roteiristas e foi queda livre. Mudaram uma cena final e o que seria o gancho da próxima temporada foi substituído pelo fim da série. Com Heroes é a mesma coisa. Sofreu o impacto da greve, a história foi piorando cada vez mais e agora não existe mais. E ainda assim, sem planejar, o final de Heroes ficou mais convincente que o final de Lost. Lost passou pelos mesmos problemas que as outras séries, mas teve a chance de se redimir. E isso eu achei legal.

Mas a grande sacada de Lost é ter ficado durante seis anos na TV discutindo bem e mal, carma, divinismo, flashbacks, flashforwards, eletromagnetismo, viagem no tempo, universos paralelos e todo tipo de ciência que gerou todo tipo de discussão entre nerds, geeks ou simples e fiéis seguidores (o que deve se encaixar entre nerds ou geeks).
E no fim, o que prende o espectador é a simples e pura emoção do drama, com uma sacada genial de subjetividade. Cada pessoa ficou com sua teoria do que foi Lost. Não faz meu tipo. Mas tiro o chapéu.

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