6 de setembro de 2010

A Campanha

Faltando menos de um mês para as eleições, o bicho está pegando pra valer. Aquele Serra que posou de meigo pra Veja há alguns meses já não existe mais. Caindo nas pesquisas e com grandes chances de tomar uma surra no 1º turno, Serra decidiu que era hora de partir pro tudo ou nada nos últimos rounds, assim como fez Rocky Balboa no 4º filme. Por isso, meus amigos, podem esperar que a porradaria vai comer solta, e não será pouca.

Aliás, é interessante observar o método utilizado pela oposição no recente escândalo da violação dos sigilos fiscais de tucanos. Serra está parecendo mais o Charles Bronson, com sede de vingança após a honra da filha ser devassada por marginais, no melhor estilo atirar primeiro e perguntar depois. Nada contra, mas para um candidato à Presidência o mínimo que se espera é que ele confiasse nas instituições e aguardasse o término das investigações antes de ficar apontando os culpados sem provas.

Até porque algumas coisas nesse caso estão muito mal explicadas. Primeiro, por qual motivo o PT montaria um dossiê contra ele em setembro de 2009, quando nem se sabia ainda quem seria o candidato do PSDB? Segundo, se realmente existe um aparelhamento na Receita Federal, por que eles tiveram que chamar um filiado do PV para contratar um filiado do PT para pegar os dados da filha do Serra com uma procuração falsa? Não seria muito mais fácil ir lá pegar de uma vez e pronto? E terceiro, além dos tucanos, da Ana Maria Braga e da família do Samuel Klein, de quem são as 140 declarações acessadas indevidamente, segundo a corregedoria da Receita, e por quais razões foram acessadas?

Como ninguém vai perguntar isso e, consequentemente, ninguém vai responder, os tucanos poderiam aproveitar e dar um rolê lá na Santa Efigênia, tradicional reduto da boemia do crack paulistana, e assim saberiam que dá pra comprar dados sigilosos de qualquer pessoa por apenas 200 dinheiros. Sai mais barato do que aparelhar o Estado.

Mas, independente de quem for a culpa dessa palhaçada de violação de sigilo, o fato é que a tática da porradaria explícita serve somente para esvaziar o debate político. Ao invés de propostas e argumentos, a única coisa que se vê na imprensa é um lado acusando enquanto o outro é obrigado a se defender. Taxa Selic, reforma agrária, reforma tributária, descriminalização da maconha, plano de direitos humanos, mudança do código florestal, pré-sal... se depender da direita, esqueça qualquer papo sobre isso.

Outro lado
Falando nisso, um problema visível na campanha dilmista é o fato de não terem feito ainda nenhum tipo de politização eleitoral. Pois a disputa não se trata somente de um embate entre PT e PSDB - como acontece nos EUA entre os partidos Republicano e Democrata -, mas entre um ideal de esquerda e de direita. Na real, desde 2002 o PT parece ter medo de se dizer de esquerda (ou centro-esquerda, para ser mais justo), como se ainda vivêssemos na gélida época da Guerra Fria.

Veja o caso do PSOL, por exemplo, que se diz de esquerda numa boa e por causa disso é considerado radical até mesmo pelos petistas. Ora, mas porque radical se o que eles defendem são os ideais da esquerda? Só a direita pode vender suas ideias? O PT tem que ver isso aí.

Outro problema da campanha governista é que Dilma definitivamente não manja de fazer discurso, embora tenha tido uma melhora significativa. No quesito encantar as multidões, Serra e Plínio ainda ganham de lavada. A retórica de Dilma é típica de uma banca de doutorado em economia. Ela é tipo um Sheldon Cooper da burocracia estatal, o que não é uma boa quando se trata de falar ao povo.

Um comentário:

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