De uns tempos para cá, a mina de ouro de Hollywood tem sido as animações pseudo-infantis em 3-D – digo "pseudo" porque, embora sejam voltadas para crianças, os roteiristas desses filmes adoram colocar piadinhas exclusivas para os adultos mais serelepes darem umas saborosas risadas. Isso levou praticamente todos os grandes estúdios a marcharem rumo ao Oeste em busca da fortuna prometida. Era praticamente uma garantia de grana fácil. Porém, o uso de fórmulas batidas criou uma terra sem lei e ordem. Quando viram que "Procurando Nemo" estava dando altos lucros, alguém teve a criativa ideia de lançar um filme chamado "Espanta Tubarões". Isso sem falar nas constantes sequências de franquias, mostrando que os produtores não estão muito a fim de gastar massa cinzenta para ganhar dinheiro.
Mas nesse universo mais na defensiva que futebol italiano, a Pixar continua sendo uma das poucas a trazer alguma inovação. Depois de "Wall-E", eles trataram de revolucionar novamente a linguagem das animações com "Up! - Altas Aventuras". No filme pós-apocalíptico do simpático robozinho lixeiro, a Pixar elevou as animações em 3-D a um novo patamar, se aproximando pela primeira vez dos filmes de arte: tiraram os diálogos (como no filme "Casa Vazia") e abusaram das referências. Já em "Up!", a narrativa é feita de maneira muito profunda, sendo conduzida pela própria psique do protagonista, ao invés da superficialidade dos tradicionais conflitos internos entre os personagens envolvidos.
O enredo conta a história do velhinho rabugento Carl. Ele vive sua vidinha pacata, sem grandes perspectivas, desde que sua mulher morreu. Para piorar, uma construtora quer colocar sua casa abaixo. Para fugir dos problemas, nada mais lógico que colocar balões em sua própria morada e ir voando até uma cachoeira perdida na América do Sul – lugar que sua esposa sempre quis conhecer. Só que, por acaso, um moleque escoteiro acaba pegando uma carona, alterando os planos de viagem.
A história é bastante simplória, como não haveria de ser diferente – afinal é um filme para crianças e não um "Akira". Mas a questão importante aqui é como ela é narrada. Nos primeiros dez minutos, a vida de Carl é mostrada desde que era um pirralho medroso e tímido até os últimos momentos de sua amada mulher. E tudo é contado de maneira belíssima, com uma espetacular trilha sonora, e abusando do dramalhão, como se fosse uma "Lista deSchindler" em CG.
E é aí que mora a diferença. Assim como em "Os Incríveis", a angústia do personagem transparece de maneira muito clara. Conhecemos na pele seus conflitos, deixando na cara seu apego ao passado. Mas, diferente do Sr. Incrível, Carl não tem como voltar aos velhos tempos – muito menos trazer sua mulher de volta. A solução que encontra é navegar a fundo em suas lembranças, personificada na casa onde moraram e que se torna o último elo com a sua falecida companheira. Porém, aos poucos, ele abandona esse apoio cego ao compreender que as recordações não passam disso: meras recordações.Mas nesse universo mais na defensiva que futebol italiano, a Pixar continua sendo uma das poucas a trazer alguma inovação. Depois de "Wall-E", eles trataram de revolucionar novamente a linguagem das animações com "Up! - Altas Aventuras". No filme pós-apocalíptico do simpático robozinho lixeiro, a Pixar elevou as animações em 3-D a um novo patamar, se aproximando pela primeira vez dos filmes de arte: tiraram os diálogos (como no filme "Casa Vazia") e abusaram das referências. Já em "Up!", a narrativa é feita de maneira muito profunda, sendo conduzida pela própria psique do protagonista, ao invés da superficialidade dos tradicionais conflitos internos entre os personagens envolvidos.
O enredo conta a história do velhinho rabugento Carl. Ele vive sua vidinha pacata, sem grandes perspectivas, desde que sua mulher morreu. Para piorar, uma construtora quer colocar sua casa abaixo. Para fugir dos problemas, nada mais lógico que colocar balões em sua própria morada e ir voando até uma cachoeira perdida na América do Sul – lugar que sua esposa sempre quis conhecer. Só que, por acaso, um moleque escoteiro acaba pegando uma carona, alterando os planos de viagem.
A história é bastante simplória, como não haveria de ser diferente – afinal é um filme para crianças e não um "Akira". Mas a questão importante aqui é como ela é narrada. Nos primeiros dez minutos, a vida de Carl é mostrada desde que era um pirralho medroso e tímido até os últimos momentos de sua amada mulher. E tudo é contado de maneira belíssima, com uma espetacular trilha sonora, e abusando do dramalhão, como se fosse uma "Lista deSchindler" em CG.
Não é à toa que "Up" foi o primeiro filme de animação a abrir o Festival de Cannes. Os cinéfilos em geral são loucos por filmes sobre dramas pessoais psicologicamente complexos. E nesse caso, "Up!" cai como uma luva. É só uma pena que o vilão da história não seja tratado da mesma forma, parecendo mais um gênio louco do que um homem injustiçado. E os mais cri-cris podem reclamar de alguns furos mal explicados no roteiro, mas, poxa vida, isso é desenho animado e não neo-realismo.
Um comentário:
Eita! Tá profundo para uma animação, hein?
Detalhe para a imagem premonitória aí acima!
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