17 de março de 2010

♫...quando o meu time jogar...♫

Santos x Palmeiras foi um jogão. Mas, ainda parafraseando Cleber Machado, falar de futebol não significa necessariamente falar de futebol. Ou seja, não vou fazer uma análise do jogo, apesar dele ter merecido atenção. O fato esportivo mais surpreendente do domingo foi o jogo do São Paulo. Ou melhor, foi o fato de o jogo do São Paulo não ter sido transmitido em qualquer meio de comunicação além do Pay-Per-View.

Quando um time joga em casa, e o tempo está ruim, e nós torcedores não queremos ir no estádio (e muito menos pagar 45 reais para assistir pela TV), sempre apelamos para o amigo rádio. O poder do rádio é impressionante. O rádio deveria ser batizado como “amigo da hora ruim”. O jogo não passa, ele está lá. Entramos no carro sem tempo de ler o jornal, ele está lá. Estamos no trânsito, ele está lá. Queremos saber por qual razão estamos no trânsito, e ele está lá. Até quando tivemos o Apagão 2009, o rádio nos manteve informados sobre o que diabos estava acontecendo.

Domingo porém, foi um dia triste. O rádio não estava lá. Fiquei caçando no dial AM e FM. Nada. Houve, contudo, algumas surpresas. A Jovem Pan, por exemplo, emitiu nas ondas AM e FM a mesma transmissão de Santos x Palmeiras. Isso eu achei engraçado, principalmente por causa de um senhor chamado Flávio Prado.

Sabem, o Flávio Prado, nas coberturas esportivas da Pan em jogos brilhantemente narrados pelo Nílson César, normalmente aponta fatos que ele, com todo o direito, considera errados. Por exemplo ao demonstrar sua indignação quando os times não estão perfilados no gramado para a reprodução do hino nacional. Ou ainda quando a Globo, no campeonato brasileiro, tem exclusividade para fazer entrevistas dentro de campo, enquanto jornalistas de rádio devem esperar que os jogadores saiam das quatro linhas.

Com aquele ar de defensor das causas públicas, o Flávio Prado costuma dizer que esse tipo de tratamento com as rádios, “amigas da hora ruim”, é um desrespeito com o cidadão, que tem o direito a informação. É claro que todo esse discurso vai por água abaixo quando você tem duas frequências de rádio e transmite as mesmas informações em ambas. Mas é importante que o Flávio Prado ao menos aparente ser esse tal defensor, sempre zelando pelos direitos e patriotismo que todos nós merecemos.

Claro que entendo que o apelo de um clássico é muito maior do que o jogo de um time reserva que já não joga bem com os titulares contra um time na zona de rebaixamento. Por outro lado, é uma estratégia muito idiota não transmitir o jogo feio quando todas as emissoras cobrem um único jogo, inclusive em suas modulações AM e FM.

Pode, é claro, existir a chance de a detentora do sistema Pay-Per-View ter proibido a transmissão por parte das rádios. Não me surpreenderia. Eles podem mudar o horário do jogo, a fórmula de disputa do campeonato e até, como cita o Flávio Prado (e é preciso dar o braço à torcer), a permissão de quem entra e sai do campo para fazer entrevistas. Não seria grande surpresa que seja esse o motivo, afinal é a segunda vez que o caso ocorre em um jogo do São Paulo e começo a suspeitar que esse finalmente seja o esquema sujo que encontraram para “atrair” mais assinantes para o canal pago.

Ainda assim, existem bons samaritanos que hackeam esse mesmo sinal pago e o distribuem gratuitamente para os menos afortunados. A internet, graças aos seus usuários altruístas, é a nova amiga da hora ruim. Faz as mesmas coisas que o rádio. E ainda tem pornografia. Honestamente, o brasileiro tem a mídia que merece, cheia de falso moralismo e uma dose considerável de putaria.

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