“Imagino eu que nenhum começo de temporada seja tão aguardado quanto o da Fórmula 1. Durante sua pausa, não existe categoria no automobilismo que cubra a falta. Mas, ainda assim, a Fórmula 1 consegue ser um dos esportes menos atrativos em terras brasileiras. A primeira corrida deste ano aconteceu às 3:00 da matina, horário similar às próximas três corridas. Depois, para os interessados, será necessário o esforço de religiosamente acordar às nove horas da manhã por um bom tempo por muitos domingos. Francamente, para acompanhar as corridas é preciso gostar muito da coisa.”
Meu interesse em escrever algo sobre a Fórmula 1 este ano é tão grande que roubei título e primeiro parágrafo do texto sobre Fórmula 1 do ano passado. É preciso a falta de qualquer senso, bom ou mau, para citar com aspas um texto que você mesmo escreveu. Considerando este ato de honestidade e falta de vergonha na cara, e ainda o fato de que estou escrevendo sobre o começo de temporada da categoria 3 corridas após o início, você pode imaginar que o teor da conversa será um tanto desagradável.
Parabéns, você chegou ao terceiro parágrafo deste texto. Eu mesmo não teria feito isso. Minha idéia era copiar o texto de 2009 para 2010. Se você parar pra pensar, eu ainda estou certo em muitas coisas: olha só o Rubens Barrichello, ele ficou na largada de novo. Mas há algo de bom em não escrever um texto logo depois da primeira corrida. Tome o tom das transmissões da Globo, por exemplo. Eles terminaram 2009 falando que sem o reabastecimento as corridas seriam muito mais disputadas, e na segunda corrida de 2010 estavam dando graças pela chuva que caiu, já que a primeira corrida sem abastecimento foi um porre.
Para uma equipe composta por 1 ex-piloto da categoria, 1 jornalista muito bem envolvido no meio e 1 narrador que está há quase dois séculos acompanhando o esporte, eles bem que demoraram bastante para perceber que a estratégia de corrida se baseia nos pneus. E mais engraçado: tão logo perceberam isso, resolveram falar pra todo mundo “Olha só, o que faz a diferença na corrida é a estratégia dos pneus. Olha a emoção da troca da porca da roda, amigo!”.
O tom de surpresa é desnecessário. Na Fórmula 1 o carro ainda conta mais que o piloto. Estava até discutindo outro dia se o esporte não seria mais interessante caso não houvesse nenhum regulamento além de tamanho e largura do carro e a regra de que ele deve permanecer com as quatro rodas no chão. Assim ficaria escancarado que o que ganha a corrida é o engenheiro. E a regra das rodas no chão é importante, porque alguns dos caras que trabalham lá são uns engenheiros filhos da puta de bons que, com um ou dois ajustes, conseguem fazer até uma galinha voar.
Mas por enquanto não. Vamos ter que aguentar as mil investigações da FIA sobre a asa, bico, retrovisor, capacete, difusor, solenoide e o caralho a quatro dos carros. Na pista a Red Bull tem o melhor carro. Sofreu duas quebras nas duas primeiras corridas, mas resolvido o problema dominou a terceira. Quem segue de perto são os carros da Ferrari e McLaren, e um pouco atrás Mercedes e Renault. Essa lista está de acordo com o desempenho do carro em corrida. Eis algo muito interessante para a Fórmula 1 esse ano. Existem rendimentos diferentes para o carro quando ele está com o tanque vazio na classificação e quando o tanque está cheio para a corrida. Além disso, cada pacote aerodinâmico das equipes prioriza aumento de desempenho em determinados trechos de circuito. Assim, um carro que anda bem em trechos de retas longas agora, como é o caso da Red Bull, pode não obter os mesmos resultados em pistas mais travadas. Novamente, vai depender dos engenheiros.
“Olhando daqui, ficar acordado pra ver a primeira já foi até demais.” Paciência. Este idiota gosta de Fórmula 1.
Para qualquer efeito, o texto do começo de temporada 2009 da Fórmula 1 aqui.
Para qualquer efeito, o texto do começo de temporada 2009 da Fórmula 1 aqui.
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