Estava em dúvidas sobre escrever este texto, tendo escrito há pouco um texto sobre filmes engraçados porém ruins e com um iminente podcast sobre os Oscars, mas a providência divina entrou no caminho. Primeiro o Golden Globe, depois uma conversa sobre bilheterias no Brasil e agora isso.
E a pergunta que não cala: Como definir um filme bom? A edição 274 da Revista Super Interessante publicou na coluna Respostas - "Qual a fórmula de sucesso dos blockbusters?", que o segredo está na "Saga do Herói", conceito de Joseph Campbell em O Poder do Mito sobre as etapas da jornada de evolução do personagem. Achei uma matéria muito infeliz. Se banalizarmos a Saga do Herói no mesmo nível da matéria, veremos que todos os personagens principais de todos os filmes que você assistiu passam por esse mesmo paradigma que eles criaram. Se analisarmos mensagens metafóricas, então, podem incluir até alguns pornôs na "fórmula de sucesso" descrita.
É uma matéria triste, mas nem por isso inútil. Dela podemos extrair duas perguntas:
1 - Se existe uma fórmula do sucesso, porque filmes fracassam?
2 - Se considerarmos "fórmula de sucesso" como "sucesso de arrecadação em bilheteria", porque os jornais ainda contratam críticos de cinema se o que interessa são os números?
Não cabe a mim responder a primeira pergunta. Onde quero chegar com a segunda? Em Avatar.
Assisti Avatar, em 3D, e o filme inteiro é clichê atrás de clichê. Se condições climáticas fossem tão previsíveis quanto o filme, ninguém morreria de chuva no Brasil. E filmes previsíveis são extremamente irritantes, principalmente pra quem está do meu lado, porque eu gosto de cantar a bola. "Olha, vai acontecer isso, vão fazer aquilo, vai aparecer o outro pra tentar te enganar, mas vai acabar daquele jeito mesmo". Posso dizer que o roteiro é fraco. A atuação, bem, vamos dizer que se alguém ganhar algum prêmio, vai ser o cara que desenvolveu e operou o software que gerou as cenas. Ainda assim, um filme 3D. Parabéns ao diretor, que "desenvolveu as câmeras 3D para gravar o filme". Parabéns é a caceta. Não existe um filme desse cara que eu olhe e fale "Puta filmão", T-2 é o que chega mais perto disso, e ainda fica atrás de muitos.
Agora, se for pra dar os parabéns para o cara pela publicidade que o filme ganhou, aí temos que admitir, esse cara é o melhor diretor do mundo. Quer dizer, ele tem as duas maiores bilheterias do mundo, e os dois filmes são um lixo. O problema é que são lixos com uma exposição gigante de mídia, porque tiveram custos muito altos e o cara segurou as pontas. Aí o curioso vai ver porque a porra do filme foi tão caro e descobre que foi caro porque o navio afundava de verdade na hora de gravar, o tanque de água era gigante e a camera 3D aparentemente funciona. Porra, o 3D existe desde a época que o Martin McFly voltou no tempo e quase trepou com a mãe dele. Não é a tecnologia do futuro no cinema, é a tecnologia do passado. Uma tecnologia do passado que só agora pode ser comercializada, só agora existe um jeito de lucrar com 3D. É um assunto tão comentado que não vai me surpreender se pintar por aí um 2 girls and a cup 3D também.
Fiquei surpreso com as críticas positivas que li. Mas que fiquem avisados aqueles que não asssistiram ao filme: Não é um filme bom. É um filme que está em evidência por causa de uma tecnologia que está em evidência. Prova disso é que no Brasil, onde não existem muitas salas 3D, Avatar foi ultrapassado por Alvin e os Esquilos 2.
Vale reforçar: Se você não foi assistir Avatar porque não era 3D, em 3D o filme continua a mesma merda, só que uma merda com profundidade. Se o mundo for justo em algum lugar de Los Angeles em março, Avatar não vai ganhar mais que um prêmio de efeitos especiais. Mas sabemos que não vai ser o caso.
2 comentários:
Pqp, finalmente alguém falou o que eu também acho! Jah li uma meia duzia de criticos pagando pau pra essa bosta! Aleluia, nao estou sozinho nesse planeta!
Não, anônimo, você não está sozinho. Não se sinta solitário da próxima vez que assistir um filme que só você não gostou e venha ler o blog de novo, e no meio-tempo fique longe de facas.
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