4 de janeiro de 2010

Comédias. *reeditado

Quando falamos de cinema no BcF nunca abordamos um dos gêneros primordiais, a comédia. Devo admitir que não sou um grande fã de comédias. Não é o estilo de filme que priorizo para comprar em DVD ou assistir no cinema, mas não negligencio completamente.

Desconsideradas as “comédias românticas politicamente corretas” (que não são comédias) gostaria de analisar alguns filmes da modalidade com relação a elenco e produtores. Essas pessoas não formam grupos como o Monty Python, que trabalhavam somente entre eles (e quando era necessário colocar uma mulher em cena lá estava Eric Idle para fazer as honras), mas raramente lemos nomes conhecidos nos créditos que já não tenhamos visto em outros filmes.
Nos tipos de comédia que assisto, sempre fica sensação de que um produtor está colocando um amigo dele pra trabalhar, dando uma chance para um desconhecido se tornar famoso pela arte de fazer rir. E notaremos que é isso mesmo o que acontece:

Adam Sandler fez Saturday Night Live, ficou famoso e montou a produtora dele, a Happy Madison (referência aos filmes Happy Gilmore – Um Maluco no Golfe e Billy Madison – Um Herdeiro Trapalhão). Na grande maioria dos filmes produzidos pela companhia de Sandler estão dois atores: Allen Covert e Peter Dante. Ambos são amigos de longa data de Sandler e escritores. Se Adam Sandler não bancasse os dois, eles iam demorar um pouco mais para aparecer por lá, se é que iam aparecer em qualquer lugar. Entre os filmes engraçados que os dois fizeram com a Happy Madison estão O Queridinho da Vovó (Grandma's Boy) e Programa Animal (Strange Wilderness).

Não por coincidência, quem também está nesses dois filmes é Jonah Hill (o gordo do Superbad – É Hoje). Quem bancou Jonah Hill na comédia foi Jude Apatow, diretor e escritor de O Virgem de 40 anos, Ligeiramente Grávidos, Segurando as Pontas (Pineapple Express) e etc. Hill trabalhou então com Steve Carell e Seth Rogen.

Seth Rogen está nos três últimos filmes citados. Também é comediante, escritor e produtor. Escreveu e atuou em Superbad ao lado de Bill Hader, mais um comediante/escritor que está, por exemplo, em Ressaca de Amor (Forgetting Sarah Marshall). O ator principal de Ressaca de Amor é Jason Segel, outro cara que apareceu em vários filmes de Apatow. Quando ele ainda era um ninguém fez uma ponta num filme muito bom: Procura-se Um Morto (Dead Man on Campus) onde ele lança uma frase que ficará marcada nos anais do cinema: “Don't fuck with my stuff”. Segel não tem a mesma visibilidade dos outros, aparece em papéis secundários nos filmes, como é o caso em Ligeiramente Grávidos. Outro que entra nessa lista é Justin Long, que trabalhou com Jonah Hill em Aprovados (Accepted) e Programa Animal, além de fazer uma ponta no último filme de Kevin Smith, Pagando bem que mal tem? (Zack and Miri Make a Porno), mais um filme com Rogen no elenco.

Então, como prometi que notaríamos, há de fato uma ligação entre esses comediantes. Eles produzem, escrevem, atuam, embarcam em projetos nuns dos outros além de trabalhar com outros produtores e tudo isso para que façam do riso um negócio muito lucrativo. Eu acho isso legal, não considero que muito trabalho na mão de poucos deixe o gênero estagnado. A variabilidade de temas e a abordagem de situações cotidianas e/ou absurdas aliadas com a capacidade de improviso desses atores para aprimorar roteiros é um atrativo.

Mas o importante de tudo isso é ver os amigos se ajudando. Fico pensando no Mike Myers quando ele fazia Wayne's World e hoje ninguém sabe o que aconteceu com o Garth (ainda bem que existe wikipedia). Bill e Ted – Dois Loucos no Tempo: O Ted virou Neo, mas o que aconteceu com o Bill? Outro ator que sumiu. O que aconteceu é que você não viu o Keanu Reeves chamar ele pra uma ponta no Matrix.

Não sei o motivo dessa camaradagem. Pode ter a ver com a supremacia judaica no humor estadunidense mas pode ser também que essas pessoas trabalhem entre eles porque conhecem suas capacidades e o quanto podem fazer um filme render. Ainda assim, achei que seria uma boa evidenciar essas relações, principalmente porque o texto na verdade é uma oportunidade para que eu cite meu gosto muitas vezes duvidoso para filmes. Felizmente as piadas variam mais que os atores nesses filmes, e eu recomendo os citados. E para não ficar faltando, indico também que conheçam o grupo de comédia Broken Lizard, com um gênero de comédia e estrutura sócio-política que lembra Monty Python (mas sem um cara travestido). Os filmes: Beerfest, Club Dread e Supertroopers. Lançaram recentemente Slammin' Salmon, outro filme que não vai dar as caras aqui no Brasil tão cedo.

Espero ter justiçado a comédia no Cinetoscópio.

* Estava satisfeito com o texto, mas hoje assisti Se Beber não Case (The Hangover) e tive uma epifania: Nas comédias, as piadas são o fator mais importante do filme, mas quanto mais você elabora a história, melhor fica. Ou seja: uma comédia, em sua essência, é igual a um filme pornô.

Coloquem esse na lista também.

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